29 de jul. de 2005

JOAQUIM ANTÓNIO SIMÕES





Nascido na freguesia da Abrunheira (1817-1905), Joaquim António Simões herdou posses dos seus pais e de um irmão. Desenvolveu, no entanto, actividades bem sucedidas no comércio exportador e deve ter sido o mais notável dos comerciantes figueirenses.

Exportou para o Brasil e outras paragens, Vinho do Porto, espumantes da Bairrada, geropigas, aguardentes e um licoroso de fabrico próprio, que se assemelhava ao Madeira; mais tarde canalizou os seus negócios para as ex-colónias de Angola e Moçambique.

Rezam as crónicas que os seus armazéns (em número de 14, localizados onde é hoje o Palácio da Justiça) eram dos maiores do país e que foram montados por operários de Bordéus. Empregava, na sua tanoaria privativa, nos momentos de maior trabalho, cerca de oitenta operários e utilizava “as mais modernas e apuradas machinas”. Os seus produtos foram medalhados em Filadélfia, Paris e Cidade do Cabo.

Joaquim António Simões foi membro do Partido Progressista e foi ministro de D. Maria em 1848.
A ele se ficou a dever a construção do Teatro Circo Saraiva de Carvalho (concluído em 1885), que viria a dar origem ao actual casino (foi o principal accionista da Sociedade Teatro-Circo Saraiva de Carvalho), e foi o grande impulsionador da construção do ramal ferroviário da Beira Alta (1882). Também se deve à sua influência a construção da primeira ponte sobre o Mondego (1906).

Vejam o post "As pontes da Figueira" de Agosto de 2004.

25 de jul. de 2005

A CASA DO PAÇO




Em 1701 iniciava-se construção da nova igreja matriz. Eram tempos difíceis pois o povo pediu ao Rei que os dízimos entregues ao Cabido da Sé ficassem aqui, para ajudar à construção do templo. Esta deverá ter sido também a razão pela qual se interromperam, nesta altura, as obras de reconstrução das fortalezas de Buarcos e da Figueira, que se realizavam por alvará de D. Pedro II.

Em 1704 morria o bispo-conde D. João de Melo – 49º Bispo de Coimbra e 14º Conde de Arganil, nascido na Figueira da Foz em 1620 - a quem se atribui a construção da Casa do Paço, iniciada em 1700. Refere o investigador Arnaldo Soledade que o bispo mandou erigir a Casa “por sentir na carne os efeitos estivais da velha Coimbra”.

Na verdade, o bispo não devia andar bem pois não sobreviveu para ver a edificação completa. Tudo indica que a Casa nunca foi concluída, face ao projecto inicial, pois falta-lhe o torreão poente.

A razão da atribuição da Casa a D. João de Melo prende-se com a similitude da sua fachada principal com a fachada norte do Convento de Stª Isabel. Os torreões também são iguais, têm as mesmas proporções e igual coroamento.

A Casa foi deixada pelo Bispo-Conde ao seu sobrinho D. António José de Melo, cujos descendentes foram condes da Figueira. Já foi hospedaria, sede da Assembleia Figueirense, colégio, ginásio, museu municipal e local de instrução militar.

24 de jul. de 2005

A GRANDE EPIDEMIA E O CRUZEIRO



Quando o general Massena passou a fronteira com um exército de 60 mil homens, as populações das aldeias limítrofes acorreram à cidade em busca de protecção. A grande aglomeração de famílias em condições de pouca higiene gerou uma epidemia que provocou forte mortandade (mais de 5 mil mortes), tendo atacado também os “soldados da Brigada”.

O número de mortes obrigou a Câmara de então a abrir novo cemitério, pois o adro da igreja matriz mostrava-se insuficiente. A decisão teve lugar a 24 de Janeiro de 1810 e reza assim uma passagem:

“(…)Se não deviam enterrar no centro da povoação onde está a egreja e o seu adro, e por conseguinte se devia estabelecer um logar mais remoto e separada para que os mesmos se sepultassem com segurança do público (…) e assentaram que o sitio mais adequado (…) fosse a Cerca do Convento de Santo António”.

Com a batalha do Bussaco e tendo as Brigadas deixado a Figueira da Foz, as gentes refugiaram-se nos arredores, pelos pinhais e montes.
Em Outubro, Massena mandou Montbrun à Figueira para saquear os armazéns da terra que se julgavam bem abastecidos, mas os franceses encontraram-nos vazios.

Com a saída dos franceses do território nacional começou a chegar à Figueira forte apoio em alimentos que eram distribuídos para outras paragens.

Todos dizem que a foz de Figueira do nosso Mondego está coalhada de Hyates e outras embarcações de transportes”.

Para assinalar estes acontecimentos foi erigido em 1912 um cruzeiro, em cuja base um texto dá conhecimento destes factos e que se encontra agora na rua Heróis do Ultramar.


Nota: O monumento está completamente abandonado mais parecendo uma lixeira; falta, no seu exterior, uma explicação alusiva aos factos históricos que lhe deram origem.

22 de jul. de 2005

AS ESCOLAS NA FIGUEIRA DA FOZ



Em 1779 a Rainha D. Maria, mulher dada aos assuntos da educação, criou uma Aula de Gramática Latina e mais tarde uma escola de ler, escrever e contar entregue aos frades do Convento de Stº António.

Quase um século depois foi criada uma Aula de Desenho Industrial (1888) sendo estabelecida em 1889 a Escola Industrial. Dois anos depois esta escola “caía” mas Bernardino Machado, em 1893, havia de a reabilitar. Esta escola leccionava Desenho Geral e Industrial, Língua Francesa e o Curso Elementar do Comércio.

Em 1910 foi fundado o Colégio Figueirense por José Luiz Mendes Pinheiro que mais tarde (1936) o doou ao episcopado de Coimbra. Viria a ser o Seminário da Figueira da Foz.

Em 1914, já na República, foi criado o Jardim Escola João de Deus, sito no Bairro do Pinhal, obra levada a cabo pela Misericórdia.

Em 1922 nasceu a Academia Figueirense, um externato para rapazes onde era ministrado o curso primário e o curso liceal.

Em 1932 foi criado o Liceu Municipal Bissaya Barreto que funcionava onde era, até há pouco tempo, o terminal rodoviário.

Em 1949 apareceu o Colégio de Stª Catarina, para raparigas.

Em 1961 o Liceu Municipal passaria a Nacional, em 1969 mudou-se para as actuais instalações e em 1978 tomou o nome de Joaquim de Carvalho.

Em 1986 foi criada a Escola Cristina Torres e depois desta surgiram já as escolas Pedrosa Veríssimo, no Paião, a Escola Pintor Mário Augusto, nas Alhadas e a Infante D. Pedro em Buarcos.

7 de jul. de 2005

OS MERCADOS DA FIGUEIRA E O JARDIM (1770-1892)



O primeiro mercado da Figueira da Foz começou a funcionar por volta de 1770 no local onde é hoje a Praça Velha. Ao tempo, a praça era uma enseada do rio designada Praia da Ribeira e servia de estaleiro. O mercado funcionava na zona onde hoje se encontra o pelourinho.

Em 1772 a Câmara mandou aterrar a enseada tendo os trabalhos ficado concluídos em 1784. A zona aterrada deu então lugar à designada Praça do Comércio, a qual passou a ser o coração da vila.

O local onde hoje se encontra o Jardim Municipal era igualmente uma enseada do rio (a mais profunda) chamada Praia da Fonte que servia de doca para conserto de embarcações. Em frente havia uma doca para fundeadouro e descarga e toda a frente ribeirinha, dali até ao forte, era zona de armazéns e oficinas: Forjas, serralharias, casa de arreios, carpintarias e cantarias, entre outras.

Aterrada a Praia da Fonte nasceu em 1881 o Jardim Municipal. Tinha uma zona ajardinada, um lago de dimensões razoáveis e um coreto. Curiosamente, o lago ficava no local que viria a ser depois o coreto, ou seja, mesmo em frente ao mercado (V. imagem).

A Câmara de Francisco Lopes Guimarães deliberou em 1890 construir o mercado, tendo escolhido uma proposta da Companhia Progresso Figueirense de Guilherme Mesquita.
O mercado foi inaugurado oficialmente em Junho de 1892.

4 de jul. de 2005

MATCHS DE DOMINGO

Uma delícia esta prosa desportiva encontrada na GAZETA DA FIGUEIRA de 1 de Fevereiro de 1911.

No passado domingo jogaram no campo do Gymnasio, na Morraceira , o 1º e 2º team deste club, e os teams da A. Naval e A. dos Caixeiros.
Ao meio dia jogaram os teams da Naval e dos Caixeiros, ficando o jogo empatado por 0 goals a 0, apezar da boa vontade de uns e d`outros. Há pouco a notar neste match: muita parede dos dois campos (parece que aprenderam agora este modo de defeza); bons shots de um dos backs da Naval e de outro dos Caixeiros; Gouveia, que jogou bem, e que foi ajudado pelos seus insides; Paulo de Carvalho que defendeu bem e … nada mais.
Pouco tempo depois realizou-se um treino entre os dois teams do Gymnasio. No segundo team há alguns players com aptidão para o jogo, e que, como primeiro treino, jogaram menos mal. A. Marques, back direito d`este team, tem um bom shot e fez boas defezas.
Pelas duas horas jogaram os primeiros teams do G. e do A. Dos C. marcando o G. 1 goal contra 0.
A chuva, que começou a cahir com mais abundância, prejudicou muito o jogo dos players, principalmente dos do G. que tinham o vento contra. Os Caixeiros pouco tiveram que defender, pois que o vento rijo que soprava se encarregava de defender o seu goal. José Bento, keeper do G. trabalhou muito e se assim não fosse o G. veria entrar algumas bolas pelo seu goal.
Os players do Gymnasio estavam desastrosos. De quando em quando falhavam shots, até aos que os teem mais firmes. Mas apesar disso, da sua pouca sorte, todos trabalharam com vontade, notando-se Dr. Rainha, nas suas bellas defezas, os forwards que, vamos lá, não andaram mal, F. das Neves e M. Gaspar, halfs, que defenderam bem e José Bento, que como já dissemos se portou como mestre.
Os backs estavam um pouco fracos, o que não admira pois tinham constantemente que defender.