27 de dez. de 2004

A ILUMINAÇÃO A GÁS




Foi em Agosto de 1886 que a Thomas Nisham Kirkham de Londres solicitou à municipalidade a instalação da iluminação a gás. O contrato veio a ser celebrado em Dezembro e a Thomas Nisham transferiu a concessão obtida para a portuguesa Gas & Water Company Limited.

A fábrica destinada à produção do gás de iluminação veio a ser instalada na Carneira (á saída da cidade) e empregava em 1914 mais de 20 operários.

Em Junho de 1889 foi inaugurada a nova iluminação e em Outubro, sabe-se, havia já instalados 200 candeeiros. Terminava assim a iluminação a petróleo que se iniciara em 1870 com 38 candeeiros e que desapareceu por completo em 1906, não tendo passado de Buarcos e da zona da praia.

26 de dez. de 2004

MONDEGO, VIA FLUVIAL



Em 1868 tentou-se estabelecer uma carreira fluvial a vapor ligando a Figueira a Coimbra. A façanha voltou a ser tentada pelo cap. da marinha mercante Elísio Santos Fera, em 1872, pretendendo ligar a Figueira a Montemor e, no Inverno, a Coimbra. A pouca navegabilidade do rio e a sua dependência das marés nunca deixaram estes projectos chegar a bom porto.

A via fluvial era, no entanto, a utilizada para ligar as duas margens do Mondego. Havia uma linha que ligava o cabedelo ao cais da Figueira e que só desapareceu com a ponte e outra que ligava os Armazéns de Lavos ao mesmo cais, a qual utilizava o braço sul do rio e que era feita por dois barcos. Existiam ainda outras ligações fluviais como as que ligavam o Canal, a Barra e o Alqueidão à cidade. Do sul trazia-se vinho, leguminosas, batata, fruta, madeira e arroz.

O rio tinha permitido anteriormente a vinda até à foz, em barcos à vela, do produto dos vinhedos do Dão, das laranjas de Coimbra e dos tecidos da Covilhã, Mangualde e Guarda. Para o interior, os barcos levavam sardinha, bacalhau, sal, arroz e figos. Já com o século XX entrado ainda havia uma carreira que ligava Stº Varão à Figueira e que transportava entre cargas, os banhistas que acorriam à praia da Figueira.

O CABO MONDEGO



Os primeiros trabalhos na mina do Cabo Mondego começaram em 1773 por impulso do Marquês de pombal e sob a orientação de Domingos Vandelli e Guilherme Elsden, na altura mestres da Universidade de Coimbra.
Os resultados não se revelaram animadores até 1802 altura em que os trabalhos foram abandonados pois a mina inundava frequentemente.

Em 1802 é nomeado encarregado das minas José Bonifácio de Andrade e Silva, tendo este construído uma fábrica de tijolo e telha e um forno de cal e mandado cultivar o Prazo de Stº Amaro para sustento dos animais que auxiliavam os trabalhos.
Andrade e Silva parte para o Brasil em 1819 e a exploração mineira pára. Em 1825 o Estado cedeu a exploração a particulares em regime de arrendamento. Foi em 1825 que surgiu a quezília entre o Povo de Quiaios e a administração da mina resultante de uma petição feita por aquele ao rei D. João VI para a restituição dos terrenos do Prazo de Stª Marinha.

Durante 13 anos a mina esteve parada. Em 1838 Jacinto Dias Damásio, concessionário da Empresa Conde Farrobo, activou a Mina Mondego, a Mina Esperança e a Mina Farrobo. No entanto, em 1845, os trabalhos foram paralisados.

Em 1867 o Conde Farrobo cede os seus direitos a João Pereira Caldas contra o pagamento de 1 conto de reis a partir do quinto ano de exploração. Em 1870 foi criada a Empresa Minas de Carvão do Cabo Mondego. Em 1872 foi criado o caminho de ferro americano entre a mina e a Figueira. No ano seguinte foi criada a Companhia Mineira e Industrial do Cabo Mondego. Em 1874 esta companhia adquire um forno de cal existente no local onde é hoje a esplanada.

Foi esta companhia que deu o grande salto do complexo industrial do cabo Mondego explorando a Mina, uma fábrica de vidros (vidraça e garrafa preta), tijolaria (situada em Buarcos; os barreiros da fábrica ficavam onde é hoje o estádio municipal), cal e exploração do caminho de ferro.

20 de dez. de 2004

CORSÁRIOS EM MAUS LENÇÓIS




Em 30 de Maio de 1798, o iate Pancão que levava carvão de pedra da mina de Buarcos para os arsenais do exército e da marinha foi capturado por um corsário francês frente à Vieira.

Logo que se soube da captura o tenente da guarnição de Buarcos, José Correia Soares, meteu mãos à obra e reuniu os homens necessários para perseguir os corsários. Escolheu-se uma rasca de pesca tendo os homens da companha munido-se de espadas e espingardas. A eles se juntaram doze soldados e dois cabos de esquadra.

Rezam as crónicas que o iate foi encontrado a uma légua a norte de Buarcos e que depois de travada uma briga desesperada que durou um quarto de hora a bandeira portuguesa se sobrepôs à bandeira francesa.

A escuna pirata ainda tentou disparar sobre a rasca mas José Correia guinou-a para as pedras e ali se acoitou até ser noite, juntamente com o iate. A batalha provocou alguns feridos e mortos. Correia Soares foi promovido a Capitão e os marinheiros e soldados envolvidos foram gratificados pelo Príncipe regente.

13 de dez. de 2004

O INCÊNDIO DA SERRA




O alerta de que tinha deflagrado um incêndio no sopé setentrional da Serra da Boa Viagem foi dado cerca das 20h25 do dia 20 de Julho. A eclosão do incêndio deu-se no lugar de Barrocas, próximo da estrada de Quiaios-Praia de Quiaios. O solo possuia uma densa camada de manta morta, imprimindo grandes proporções ao incêndio logo no seu início. O desenvolvimento do incêndio continuou ao longo de toda a noite.


Na manhã do dia 21 havia duas frentes, uma de maior intensidade em direcção a leste, outra mais lenta em direcção à povoação da Murtinheira. Às 16h00 eclodiu nova frente desta vez no lugar de Monte Alto.
Na encosta norte, a falta de vigilância e os ventos fortes possibilitaram o reacendimento de vários focos. Às 21h00 já o fogo atingia grandes proporções.
Cerca das 12h00 do dia 22 o fogo já se encontrava muito próximo da Murtinheira.


A partir do momento em que o incêndio entrou na Serra tornou-se incontrolável, formando-se várias frentes em diferentes direcções.
O chalet de caça ardeu cerca das 18h30. Nos Vais uma frente limpou 7 casas. Pelas 21h30 o fogo aproximou-se da povoação da Serra.


O incêndio da serra foi um incêndio de copas, varrendo a maior parte da serra em apenas 3 a 4 horas, continuando a lavrar, nos dias seguintes pois só viria a ser dado como extinto às 12h00 do dia 24. Durante 71 horas e 35 minutos, decorridos entre os dias 20 a 24 de Julho de 1993, 1173,5 ha da floresta da Serra foram percorridos pelo fogo.


texto de Adélia Nunes(adapt)

3 de dez. de 2004

D. AFONSO HENRIQUES NA FIGUEIRA




Lê-se na Crónica de Cister de Frei Bernardo de Brito, livro VI do capítulo XXVIII, que estando D. Afonso Henriques em Coimbra “Tão carregado de triunfos como de más disposições” foi aconselhado pelos médicos a fazer um passeio ao longo do Mondego até á foz.

Diz então o cronista que, “a vista e alegre sitio dos campos e várzeas formosíssimas”, “as mais férteis e abundantes que há em todo o reino de Portugal e muitas partes fora dele”, “tiraram a el-Rei parte da melancolia que levava”. E continua Frei Bernardo que o Conquistador “chegou ao mar quase são”, tendo completado a sua cura “em recreação do rio e monte”.

2 de dez. de 2004

AS PRAIAS DO SUL





No final do terceiro quartel do século XVIII, o litoral ao sul da Figueira era uma terra árida de ninguém.

Com o advento das artes de arrastar para terra e com a adaptação a estas dos barcos em forma de meia lua, as costas do couto de Lavos, a poente das Regalheiras, fervilharam em arrais de intensa vida na pesca e industria da sardinha.

Diversas companhas foram formadas pelos lavoenses de melhores posses. Estes, no entanto, eram rurais e não tiveram outra hipótese senão a de contratar pescadores qualificados. Na impossibilidade de contratar pescadores de Buarcos que não queriam abandonar o abrigo da sua enseada por outros portos, os armadores de Lavos contrataram ilhavenses.

Assim, ainda no princípio do século passado trabalhavam muitos ilhavenses em companhas da Costa ou de Leirosa. Encontram-se por aí, ainda, muitos antropónimos ilhavenses como os Ribeiros, os Parrachos e os Cações e a maioria esmagadora da população de S. Pedro é de origem ilhavense.

Durante muito tempo as companhas acoitavam-se nas praias do sul em palhoças feitas de junco, só cerca dos anos 30 de 1800 se deu a fixação dos pescadores.