Buarcos, 15 de Julho de 1962
EVOCAÇÃO
Havia sol na praia desse tempo…
O mar era tão jovem como nós…
Num toldo de gaivotas,
Despiam-se e vestiam-se os desejos…
No teu corpo e no meu, cristalizado,
Brilhava sem pecado
O sal dos nossos beijos…
Um barco vislumbrado na lonjura
Negava-se ao destino de ter cais;
A brisa regressava dos pinhais
A cheirar a resina;
E a música das ondas, em surdina,
Quase sentimental,
Ressoava no búzio do areal…
Depois vinha o aceno dos penedos…
Templos de imolação
Ardia neles o resto da fogueira…
E o fumo que subia do brasido
Tornava mais etérea a claridade
Que nimbava de mítico sentido
Cada parcela de realidade…
EVOCAÇÃO
Havia sol na praia desse tempo…
O mar era tão jovem como nós…
Num toldo de gaivotas,
Despiam-se e vestiam-se os desejos…
No teu corpo e no meu, cristalizado,
Brilhava sem pecado
O sal dos nossos beijos…
Um barco vislumbrado na lonjura
Negava-se ao destino de ter cais;
A brisa regressava dos pinhais
A cheirar a resina;
E a música das ondas, em surdina,
Quase sentimental,
Ressoava no búzio do areal…
Depois vinha o aceno dos penedos…
Templos de imolação
Ardia neles o resto da fogueira…
E o fumo que subia do brasido
Tornava mais etérea a claridade
Que nimbava de mítico sentido
Cada parcela de realidade…