Era uma ocasião um homem que tinha uma mulher muito preguiçosa, mas que se queria fazer passar por muito trabalhadora. Gabava-se ella de ser muito boa curadeira de linho e de estopa, e quando o marido chegava a casa costumava dizer sempre:
Maçarócas ao cortiço
Já hoje lá vão sete!
O homem pedia-lhe que lhas deixasse ver mas a mulher dizia-lhe que estava a chegar Maio, e antão as veria curadas.
Efectivamente, chegou o mês de Maio, e a mulher lá foi co`as outras ao rio, mas em vez das meadas, que não tinha, começou com grande estardalhaço a lavar umas esteiras que levava.
Foram contar a coisa ao marido, que lh`apareceu vestido de Maio, cheio de flores, c`um grande chapéu na cabeça, e um cacete nas unhas.
Chegou-se ao pé da mulher e disse-lhe c`uma voz soturna:
Eu sou o Maio curão
Curo meadas e esteiras não!
E ergueu logo o cacete p`rá mulher que estava espantada a vê-lo, e deu, deu, até o diabo dizer basta.
Voltaram p`ra casa, e diz-lhe ele:
-Prepara-te que temos de ir amanhan à feira.
Mas a mulhersinha estava sem um trapo que vestisse, porque não tinha fiado um fio durante todo o ano.
Ele antão emprestou-lhe um capote, meteram-se no carro, e lá foram p`rá feira.
Chegados lá, o homem, que queria pregar partida á mulher, quando estavam no ponto de maior concorrência, arrincou-lhe o capote das costas, e, como era a única coisa qu`ella levava vestida, ficou como a mai a deitou a este mundo.
Ninguém poi na sua ideia a algazarra medonha que ali s`ergueu; e tão grande foi ella que o marido teve que meter a desgraçada a toda a pressa no carro e trazê-la p`ra casa.
Isto serviu-lhe de lição, de modos que dahi p`ró futuro já fiava a valer; e quando alguem lhe dissesse que fiasse mais devagar porque algum fio era grosso e outro fino, ella respondia:
Grosso e delgado,
Tudo cobre o rabo!
Cardoso Marta e Augusto Pinto, Folclore da Figueira da Foz, (1913)
Maçarócas ao cortiço
Já hoje lá vão sete!
O homem pedia-lhe que lhas deixasse ver mas a mulher dizia-lhe que estava a chegar Maio, e antão as veria curadas.
Efectivamente, chegou o mês de Maio, e a mulher lá foi co`as outras ao rio, mas em vez das meadas, que não tinha, começou com grande estardalhaço a lavar umas esteiras que levava.
Foram contar a coisa ao marido, que lh`apareceu vestido de Maio, cheio de flores, c`um grande chapéu na cabeça, e um cacete nas unhas.
Chegou-se ao pé da mulher e disse-lhe c`uma voz soturna:
Eu sou o Maio curão
Curo meadas e esteiras não!
E ergueu logo o cacete p`rá mulher que estava espantada a vê-lo, e deu, deu, até o diabo dizer basta.
Voltaram p`ra casa, e diz-lhe ele:
-Prepara-te que temos de ir amanhan à feira.
Mas a mulhersinha estava sem um trapo que vestisse, porque não tinha fiado um fio durante todo o ano.
Ele antão emprestou-lhe um capote, meteram-se no carro, e lá foram p`rá feira.
Chegados lá, o homem, que queria pregar partida á mulher, quando estavam no ponto de maior concorrência, arrincou-lhe o capote das costas, e, como era a única coisa qu`ella levava vestida, ficou como a mai a deitou a este mundo.
Ninguém poi na sua ideia a algazarra medonha que ali s`ergueu; e tão grande foi ella que o marido teve que meter a desgraçada a toda a pressa no carro e trazê-la p`ra casa.
Isto serviu-lhe de lição, de modos que dahi p`ró futuro já fiava a valer; e quando alguem lhe dissesse que fiasse mais devagar porque algum fio era grosso e outro fino, ella respondia:
Grosso e delgado,
Tudo cobre o rabo!
Cardoso Marta e Augusto Pinto, Folclore da Figueira da Foz, (1913)