29 de dez. de 2007

SAL


Rezam os registos que a exploração de sal na Figueira da Foz terá surgido no século XII, quando a Oveiroa (Morraceira) foi doada aos frades Crúzios (1158). Nos séculos XV e XVI o sal conquistava terreno à lezíria (milho, sobretudo) e aos juncais. António Fernando Quadros foi responsável por intensificar a sua produção. Para além da Morraceira, a salicultura fez-se também na Várzea de Tavarede, Casseira, Vila Verde, Lavos e na Marinha das Ondas.

“Na Várzea existiam até ao começo do século XVIII quatro marinhas: El-Rei, Lapa, Vassala e Licenciada”. (Pinto e Esteves) Na Morraceira, por volta de 1880, havia 12 mil talhos que produziam 60 mil toneladas de sal; Em 1917 o número tinha baixado para pouco mais de 7 mil talhos e nos anos 40 do século XX o número de talhos caía para 6 mil com uma produção de 30 mil toneladas.
Além do mercado nacional o sal era exportado para o Brasil, EUA, Terra Nova, Espanha, Escócia, Noruega e Suécia.
“A exploração era feita, em grande parte, por marnoteiros residentes na Figuei­ra, também proprietários ou enfiteutas das marinhas. Famílias como os Lemos, os Pestanas e os Feras (estas duas últimas com os nomes perpetuados em topónimos) desempenharam um importante papel no desenvolvimento de uma indústria que lhes permitiu acumular alguns capitais e lhes abriu o caminho para a ascensão social. Só mais tarde os trabalhos de fabrico e recolha do sal passaram a ser exercidos quase exclusivamente por pessoas das vizinhas freguesias de Vila Verde e de Lavos.
O segundo grupo em dimensão era o das salinas de Lavos, localizadas entre a Gala e o Rio do Pranto, assumindo denominações várias (Craveiras, Torrão, Vermelha, Negrão, Bairro, etc.). Havia ainda as de Vila Verde (Ladeiras, Gramatal e Salmanha) e as da freguesia de Tavarede. Estas últimas, dispostas entre a ribeira da Várzea e a estrada de Mira, nas imediações da estação ferroviária, haviam per­tencido ao duque de Cadaval e passado, mais tarde, para as mãos de proprietários figueirenses.
Modelo de propriedade geradora de prestígio social, as marinhas revelavam-se igualmente como uma excelente e privilegiada forma de investimento. Numa zona onde o rendimento líquido da agricultura raramente era compensador, os terrenos destinados à salicultura chegavam a dar um lucro líquido superior a 100%: 100 talhos de boa qualidade e devidamente tratados produziam entre 200 e 300 moios de sal que nos anos de preços mais elevados (por volta de 1880), valiam 250$000 a 375$00”. (Rui Cascão)

Seguimos: Cascão, Rui, Figueira da Foz e Buarcos, Permanência e Mudança…, Pinto, M. e Esteves, R. Aspectos da Figueira da Foz, Soeiro e Lourido, Fainas do Mar