1 de dez. de 2007

ASCOROSO


Algumas ruas da villa oferecem o aspecto ascoroso de uma immensa sentina. Não pode pessoa alguma transitar por ellas, tão repugnante é o cheiro exhalado pelas matérias impuras que as cobrem litteralmente.
Isto dá uma triste ideia da terra (...) A dois passos do rio, defronte da praça do Commercio, resolveram algumas pessoas, na falta da latrina publica, fazer, a um canto, um repositório de impuridades. Foi acertada a deliberação. Incomoda-se o publico, pode alli desenvolver-se uma epidemia qualquer que cause graves damnos à salubridade da terra, mas que importa isso? Pelo menos a Câmara julga o caso de tão pequena gravidade que não se digna ordenar a um dos seus zeladores municipaes o cumprimento de uma das suas posturas.*

Chiqueiros
Apezar das medidas rigorosas de sanidade há tempos postas em prática, mandando retirar da cidade todos os cortelhos de porcos, é certo que em pleno coração da cidade, e n’uma das ruas mais concorridas, temos verdadeiros chiqueiros, ainda mais perigosos que os dos suínos.
Percorra-se a rua do Príncipe, e ter-se-á a confirmação do que dizemos. Na valeta, junto a algumas tabernas ali estabelecidas, faz-se deposito de várias imundices e além da falta de hygiene resultante de tal prática, afigura-se-nos pouco decente para os que nos visitam, encontrar logo à entrada da cidade tal falta de limpeza.
Vassoura! Vassoura!

* Correspondência da Figueira, Julho e Setembro de 1836, cit. por Isabel Simões in Ruas e Praças da nossa terra, Revista Litorais, nº 4, Maio 2006.