14 de ago. de 2007

PETRÓLEO FIGUEIRENSE

Narra Manuel Gaspar de Barros nas suas Memórias (1) que em 1917 “quando se abriu um poço de água na Rua das Lamas (…) no palácio que fora do Conde de Verride, o Dr. João Santiago Prezado, poeta e diplomata, apareceu petróleo a sobrenadar na água”.
Refere que Prezado encomendou dois estudos a um professor do Técnico de seu nome Fleury, o qual investigou as regiões do Mondego inferior e a região situada “entre os paralelos de Cantanhede e Alcobaça”.
O Prof. Fleury recomendava sondagens a fazer em Verride e nos Vais, as quais não tiveram depois andamento.
Mais tarde, já nos anos 40, a Companhia de Petróleos de Portugal (capital do Estado português e de um empresário nórdico) – ainda segundo Manuel Gaspar de Barros – fez sondagens em Verride e ali, a poucos mais de mil metros, “apareceu algum petróleo”, mas a CPP tinha poucos meios e as sondagens foram pouco profundas.

Fleury também assinalou petróleo no Cabo Mondego e neste local “os belgas da sociedade Foraki (…) parece que o encontraram nas sondagens que fizeram na procura do carvão”.
Manuel Gaspar de Barros refere ainda que o Conde de Castellane, judeu exilado na Figueira aquando do grande conflito europeu, lhe terá assinalado o seu feeling de que haveria petróleo no Cabo Mondego. O conde era um “experimentado pioneiro do Cáucaso”.
Já nos anos 70 voltaram a fazer-se sondagens. O ouro negro foi encontrado mas não em quantidade que justificasse a sua exploração comercial.

(1) Manuel Gaspar de Barros, filho de Manuel Gaspar de Lemos, in Memórias, Ed. do autor, 1982