26 de dez. de 2007

PRAIA

O areal extenso está deserto.
Nem uma viva alma ali passeia.
O próprio mar parece que salmeia
Endechas tristes para o céu aberto.

O sol a pino, radioso, esperto,
Incide os belos raios sobre a areia,
Que, à sua vez, parece, se incendeia,
Brunando quem lá passe descoberto.

As barracas – somente os esqueletos,
Parecem um pinhal incendiado, -
São como orijinais dos meus sonetos…

Cobertas, tem um tique festejado;
Mas assim, como estão, lembram-me espetos
Saídos dum fogão carbonizado.

José Ramalho Núnez(1864-1942), Pinturescos, 1908