7 de ago. de 2004

TOPOGRAFIA DA FIGUEIRA NOS FINS DO SÉC. XVII



"Imagina, leitor, que no lugar da Praça nova existe uma praia do Mondego, que nas marés altas é banhada pelas águas até ao cimo, não ficando seco senão uma faixa pelos lados do oeste, norte e leste; que no sítio do largo Luís de Camões e em parte da Praça do Comércio (Praça Velha) está outra praia do rio, também completamente inundada pelas marés; e que no jardim público existe ainda outra praia, que tu conheceste com o seu velho e legítimo nome de Praia da Fonte, mas sem o viaduto, os muros de suporte e casaria que ali tens visto. Era nos dois promontoriozinhos que avançam para o sul, sobre o Mondego, um ao nascente, entre as duas primeiras praias, e outro ao poente, entre a segunda e a terceira, que nos fins do século XVII estava circunscrita a povoação que hoje vês tão ampla.
(…)
De comunicação externa existiam seis vias importantes: um caminho pelo local da Rua Fresca, dirigindo-se para a fonte do povoado, que existia e ainda existe no Largo da Fonte, e que daí seguia pelo Viso para Buarcos e Redondos; três caminhos pelos locais das modernas Ruas Formosa, da Bica e de Stº António, em frente do moderno hospital da Misericórdia, e ligavam com o caminho de Tavarede, que seguia para o norte pela moderna Rua do Sol; outro pelo sítio da Rua dos Ferreiros; outro que partia da praia, onde hoje se acha a Praça Nova, aí pela extremidade meridional do edifício onde são actualmente os Paços do Concelho, ia pelo local da Rua Direita do Monte até ao velho Casal das Lamas, e daí para Vila Verde e outras povoações.
(…)
Pelo lado ocidental do caminho que existia na Rua dos Ferreiros havia umas pedreiras em que se explorava o maciço calcário (…). Dali se extraía muito material para as construções do povoado.
Um ribeiro vinha desaguar ao cimo da praia onde se acha a Praça Nova.

Retirado da obra de Santos Rocha "Materiais para a História da Figueira nos Séculos XVII e XVIII"