13 de ago. de 2005

O TEATRO DE AMADORES NA FIGUEIRA



Tida como terra onde o teatro amador muito se desenvolveu, a Figueira, tal como as outras terras, dava espaço ao teatro religioso e ao drama social.
Os Autos Pastoris ou Presépios cumpriam os valores da religiosidade popular. Estes remontam ao século XVIII mas perderam importância ao fim de algumas décadas, ressurgindo nos finais do séc. XIX. Nesta altura, no entanto, o carácter profano foi-se introduzindo nos Autos, aparecendo além das cenas clássicas de nascimento e adoração ao menino, novas cenas, adaptadas à realidade social local – um panfleto anuncia em 1920, na Philarmónica 10 de Agosto a “representação da tradicional e aparatosa peça phantástica OS REIS MAGOS e acrescenta “ e algumas engraçadas scenas dos Autos Pastoris”.

De acordo com Rui Cascão os Autos tinham uma função gastronómica onde cada espectador se apresentava “com a competente garrafa de vinho e respectivos nacos de torta doce e filhós”. A entrada no século XX apagou a tradição dos Autos que em 1909 já só se representavam na sede do Rancho do Vapor (em 1908 o Theatro Príncipe estreava a comédia “Fazer fogo com pólvora alheia”).

Com os ideais republicanos aparece o drama social, representado nos teatros operários, como o muito popular Teatro do Pinhal que albergava o Grupo Dramático Recreio Operário. As peças exibiam títulos como “O Veterano da Liberdade”, “A Ceia dos Pobres”, “André, o Fabricante”, “Gaspar, o Serralheiro” (esta, ainda há pouco levada a cena por um grupo amador nas Jornadas de Teatro de Amadores) e “Leonardo, o Pescador”. Em Buarcos e após a sua fundação (em 1907), o Grupo Caras Direitas era um esteio deste tipo de teatro. O Teatro Taborda, de Brenha, inaugurado em 1897 estreou-se com o drama “O 8 de Maio” de César de Sá, um autor local e o Teatro Trindade (então chamado Teatro do Celeiro) abriu em 1910 estreando “O Moleiro de Alcalá” (uma zarzuela) e o drama “A Pátria” pelo Grupo Philantrópico Instrução e Recreio. A Sociedade de Instrução Tavaredense inaugurou-se em 1904 com 3 comédias, cada uma em um acto.

Entretanto, nas sociedades recreativas burguesas, como a Assembleia Figueirense, o Ginásio Club Figueirense e o Grupo Dramático Figueirense, abrilhantavam-se operetas e comédias, muitas delas de autores locais.