21 de mai. de 2005

A PRAÇA VELHA EM FINAIS DO SÉCULO XIX



(...) Nos finais do século XIX surge-nos a zona mais antiga da praça toda calcetada com árvores junto das ruas laterais e bancos nos intervalos; a zona central da praça apresenta larga faixa empedrada a basalto e no centro uma grande circunferência limitando uma estrela que contem no meio um pequeno círculo com data de 1879 o que nos sugere que o calcetamento tenha sido feito em igual data. Junto aos prédios surgem-nos alguns passeios de cantaria e em dois deles rebatos altos, moldados, que serviriam para impedir a entrada das águas aquando das marés; no topo norte o pelourinho. A zona sul da praça era ainda mais simples consistindo num terreno central alongado até ao cais, em macadame mal cilindrado, orlado de árvores e bancos com duas ruas laterais e passeios estreitos, calcetados.
Foi num prédio desta praça que nasceu o nosso conterrâneo General Freire de Andrade quando o seu pai se encontrava ao serviço das obras do porto.
(…) Ao contrário do habitual não eram a farmácia ou a barbearia os locais mais procurados para cavaqueira desses tempos mas sim o Estanco Real, estabelecimento que tinha o privilégio da venda de tabacos. Era ali que todas as noites, em agradável e ranço convívio, se juntavam as pessoas gradas locais.
Tratava-se de um estabelecimento amplo. Bastante fundo, dividido a meio por um balcão com paredes escuras e forradas até meia altura; do lado de fora situavam-se bancos compridos de madeira de pinho, e a luz, em virtude não haver janelas, apenas penetrava pela porta frontal (...)
Retirado do Dr. Santos Rocha, Materiais...

MOUROS EM BUARCOS



Esta noute de domingo pêra a segunda feira tratarão duas lanchas de mouros de entrar na villa de Buarcos e por ia (já) estar gente metida dentro se lhes fés resistência e se forão vindo acodir um Capitao mor a esta hora que são doze do dia forão vistas cincoenta e tantas vellas e da vella que fiqua no monte alto (Vela, na Serra da Boa Viagem) me avisao que se vista de mais não passando na derrota para essa cidade e por que sendo de inimigos como se presume se podem ir detendo humas por outras aviso a V. magestade e nesta costa de tratar com muito cuidado posto que he terra sem defesa como mais largamente darei conta a vossa Magestade Cuia Catholica pessoa deus guarde nesta costa de Buarcos 29 de Julho 1630
Dioguo Martins coelho

8 de mai. de 2005

A TOMADA DO FORTE DE STª CATARINA



O sargento de artilharia Bernardo António Zagalo saiu de Coimbra à frente de uma força de 40 voluntários, 25 dos quais estudantes.
Pelo caminho os sitiados foram arrebanhando homens para a sua causa, fazendo aclamações e repicando sinos.
Às sete da manhã o batalhão entrou na Figueira e compunha-se então de perto de 3000 homens armados com lanças, piques e foices.

Os franceses, que há 7 meses ocupavam o forte e a cidade estavam desprevenidos. Diz Zagalo:
“Vendo porem, que o povo sem refletir no perigo se adeantava demais, corri à sua frente e o fiz retirar: nessa ocasião dispararão os franceses alguma mosquetearia e huma peça de artilharia sobre nós; mas tendo observado os seus movimentos deitámo-nos e moa ferirão uma única pessoa. Como o cerco estava formalmente lançado e a comunicação como Cabedelo inteiramente cortada intime aos franceses quese rendessem pois sabia que não tinhao mantimentos ara aquele dia, aliás seria passados à espada. O comandante respondeu que era um tenente engenheiro portuguez e que não podia render-se por causa do perigo em que ficava a sua família que tinha em Peniche em poder dos franceses; em razão disto continuou o cerco e quando se estavao para render à descrição de hora a hora recebi no dia 27 (Junho de 1808) ordem do governador de Coimbra para me retirar imediatamente para aquela cidade”.

O povo entretanto entrou pelo forte e com ele as autoridades – major de Buarcos, juízes de Fora da Figueira e Tentugal – e desarmaram os franceses.
Nota: Sobre este assunto veja os posts "Valorize-se o Forte de Stª Catarina" e "Os ingleses na Figueira", ambos de Julho de 2004

FIGUEIRA VILA - MARÇO DE 1771



Hey por bem erigir villa o lugar da Figueira da Fós do Mondego e crear nella o lugar de juis de Fora, Crime e orfaons que terá por destricto os coutos de Mayorca, das Alhadas, Quiajos, TAvarede, LAvos e e az villas de Buarcos e redondos e os ocnselhos e cituações a sul do rio chamado de Carnide ou do Louriçal desde onde principia o destricto da Ouvedoria de pombal ate o Moinho de Almoxarife que tudo hey por desmembrado do destricto de Monte Mor o velho a quem ate agora pertenci e outrossim hey por bem nomear para o logar de juis de Fora o bacharel Bento Joze da Silva o qual fazendo a meu contento a dita creação se haverá o dito logar por cabeça de comarca depois de me servir três annos e os mais que decorrerem emquanto lhe não nomear successor.
Palácio de Nossa Senhora de Ajuda em 12 de Março de 1771